A palavra em suspenso
Neste núcleo, o livro se faz pela ausência de sua característica mais significativa: a palavra. Por outro lado, o livro revela-se como experiência tátil enquanto assume um caráter político. Se a leitura, a princípio, está em suspenso, há uma razão para isso que precisa ser decifrada. Esse tensionamento entre a falta da palavra e o livro que é essencialmente objeto plástico ou que guarda exclusivamente imagens é disputado a todo momento. Mas é a partir exatamente desse conflito que a poesia encontra o seu espaço. É a partir de um dado da violência, como pode ser percebido nas obras de Nuno Ramos e Rosangela Rennó, que a poesia constrói um caminho de contestação e debate sobre como vivemos em sociedade e/ou deixamos de preservar a nossa memória.
Se nesses trabalhos a escrita está suspensa, o que se coloca como experiência é a possibilidade de acessá-los via toque, reflexo – em referência aos espelhos do livro de Marilá Dardot – e imaginação. O livro não só passa a ser o instante do ler, ver e tocar, como também é o lugar da convergência de múltiplas temporalidades.
1995
Nuno Ramos
A01 [cod.19.1.1.43] — A27 [s|cod.23]
2009-2013
Rosângela Rennó
2005
Brígida Baltar
2016
Debora Bolsoni
1999
Marilá Dardot
2017
Regina Vater