Núcleo Um lance de dados

Artur Barrio

O Sonho do Arqueólogo, 1982-1998

Uma extensão no tempo, 1996

Caderno Livro, 1997

Caderno de desenhos em nanquim e grafite com colagem sobre cartão

“Não são Livros de Artista mas por generalização aí se encaixam os meus CadernosLivros os quais não são mais do que a minha oficina, uma oficina ou atelier móvel que me acompanha onde quer que esteja. CadernosLivros surgem em meados dos anos 60 como suporte e espaço para minhas reflexões, estudos, projetos e ideias referentes ao meu trabalho que é o caso dos mostrados agora na exposição do Itaú Cultural.”

Artur Barrio (artista)

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O sonho do arqueólogo, Artur Barrio

Nas obras de Artur Barrio Uma extensão no tempo (1996), Caderno livro (1997) e O sonho do arqueólogo (1982-1998), os conceitos de diário, registro, projeto, esquema, sonho e devaneio transportam o leitor para um espaço-tempo que foge a qualquer regra conclusiva sobre a concepção de livro como organizador pleno de conceitos. O livro é, portanto, assumido como suporte artístico nele mesmo, em que não é o veículo de ideias e textos independentes, mas, sim, tomado como o próprio lugar de experimentação estética. Neste conjunto de livros, o que se sobressai é o fato de que eles registram ações ou sua possibilidade de existirem. Mas, parafraseando Luiz Camillo Osorio*, não se trata de colocar o projeto ou registro de algo que aconteceu como um produto secundário, como um documento. Pelo contrário, o que se afirma é o desejo de tomá-los pelo que eles são. O fato de serem livros desgastados, rotos, sugerindo uma excessiva manipulação, os preenche de vitalidade e visceralidade.

O sonho do arqueólogo, Artur Barrio

“Relação muita própria com a ideia de livro de artista. São livros que também se compõem como diários, mas são altamente dionisíacos na sua aparição. Ali você tem colagens, fotos, escritos. É uma linguagem muito intensa e virulenta também a aparição desses livros-cadernos do Artur Barrio, assim como seu trabalho, digamos, performático, ou que foge dessa instância do livro de pensar em algo mais corpóreo para a ideia de livro de artista.”

Felipe Scovino (curador)

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Uma extensão no tempo, Artur Barrio

As obras de Barrio se colocam como uma escrita errática: são diários de bordo e anotações que não possuem começo nem fim; fazem-se como projeto e sonho simultaneamente. As ideias são postas no papel na mesma velocidade com a qual são concebidas. Nesse sentido, se traduzem como uma escrita automática e pulsante que não obedece a um plano tradicional na organização das ideias.

Uma extensão no tempo, Artur Barrio

Caderno Livro, Artur Barrio

*OSORIO, Luiz Camillo. Entre o ver e o ler: a forma-livro na arte de nosso século e seu desdobramento na arte brasileira contemporânea: Waltércio Caldas e Artur Barrio. In: SÜSSEKIND, Flora; DIAS, Tânia. A historiografia literária e as técnicas de escrita: do manuscrito ao hipertexto. Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa: Vieira e Lent, 2004. p. 404

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