Núcleo O início da história

Julio Plaza, Texto de Augusto de Campos

Muda Luz, 1970

Objeto tridimensional, colagem e dobraduras em papel e impressão em offset

“Como um livro pode ser pensado para além do seu referente mais icônico, que é a palavra?”

Felipe Scovino (curador)

IMAGEM-TEXTO-Muda-Luz

Muda Luz,  de Julio Plaza e Augusto de Campos

Muda luz (ca. 1970) é uma criação compartilhada entre Augusto de Campos e Julio Plaza. A série de pequenas esculturas feitas em papel e com forte influência das linguagens construtivas insere a palavra numa ideia de escrita expandida: o livro faz aparecer sua própria fatalidade, pois interrompe o que parecia ser uma linha contínua e torna-se objeto participativo, uma produção em mutação feita pelo leitor e, por isso mesmo, em risco.

Passando pelos poemas espaciais de Ferreira Gullar, que solicitavam a participação do espectador, e pelas ações pioneiras de Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Julio Plaza e dos artistas e poetas ligados ao Poema Processo (como Wladimir Dias-Pino e Neide Sá), os poetas concretos vinham, desde os anos 1950 no Brasil, experimentando a ação, a sonoridade e a espacialidade da palavra para além da página. A relação entre a poesia concreta e as artes visuais fundou uma nova forma de aparição do livro – ele toma uma forma escultórica, na qual a palavra alcança a tridimensionalidade e passa a ter volume e densidade.

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“Em Muda luz, de ca. 1970, projeto de Julio Plaza e Augusto de Campos, o livro se abre feito o plano da cidade, trazendo densidade e volumetria para a palavra. Cor, escala e tridimensionalidade são aspectos correlatos da escultura, que também passam a fazer parte da poética – ou da palavra.”

Felipe Scovino (curador)

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