Flesh room with Anima (1978/1996) é uma ampliação da pele de Antonio Dias, artista que em vários momentos de sua trajetória realizou autorretratos conceituais invocando palavras em vez de imagens do corpo ou, ainda, partes dilaceradas do corpo em vez de uma imagem inteiriça. A ausência de um rosto ou de algo que identifique aquele corpo transmite à narrativa do livro um senso de anonimato e estranhamento, duas categorias que acompanharam a produção desse artista, cujo início de trajetória se confunde com a ditadura militar no Brasil.

O livro de Antonio Dias, artista que em vários momentos de sua trajetória realizou autorretratos conceituais invocando palavras ao invés de imagens do corpo ou ainda partes dilaceradas do corpo ao invés de uma imagem inteiriça, é uma ampliação da sua própria pele. Nesta obra não identificamos um rosto ou mesmo que essas imagens abstratas são de um corpo. Numa investigação minuciosa, partindo de um artista que vivenciou a violência da ditadura e a forma como o corpo foi silenciado, torturado e apagado, o padrão biológico das folhas do livro particulariza esse meio. Forrado de pele, o livro é a maneira como Dias se expõe ao mundo.